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O mercado de capitais tem muito espaço para ser um grande viabilizador de crédito ao produtor rural brasileiro, ultrapassando em eficiência modelos mais tradicionais utilizados no país, como o barter – analisa Octaciano Neto, ex-secretário de agricultura do Espírito Santo e sócio da ZERA.AG.
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O barter é uma operação financeira entre os produtores rurais e empresas de produtos utilizados no agronegócio na qual não há pagamento antecipado em dinheiro. Por meio de um acordo realizado antes da colheita, o produtor adquire insumos agrícolas e realiza o pagamento com os produtos que ele cultiva em sua lavoura, ou seja, não é preciso fazer o pagamento antecipado em dinheiro.
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Segundo Neto, o modelo conhecido como ‘barter’, muito utilizado no Brasil, está longe de ser o mais eficiente – ainda mais diante de uma necessidade de capital de R$ 1,3 trilhão, segundo estimativa divulgada recentemente pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
“Só existe barter onde não tem mercado de capitais envolvido. Só tem no Brasil, Argentina e Ucrânia. Não tem operação de barter de forma relevante nos EUA e nem Europa como tem no Brasil. Não faz sentido o modelo de financiamento ser exportado só para Argentina e Ucrânia. Deu errado”, disse Neto, ao participar de painel sobre agronegócio em evento realizado nesta terça-feira (06) pela TAG Investimentos em São Paulo.
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De acordo com ele, os recursos para crédito fornecidos pelo Plano Safra atendem atualmente só 45% da demanda necessária do produtor rural, tornando os mercados bancários e de capitais fontes interessantes para suprir essa necessidade. “O mercado de capitais é o que permite essas customizações, essa alfaiataria, para pensar em produtos sob medida para o agro”, apontou.
Neto cita como exemplos um nicho do setor, as revendas de tratores, que “estão bem financeiramente e com medo de reforma do IR cobrar imposto, por isso, têm optado por tirar dinheiro da empresa e montar FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios do Agronegócio) para financiar atividade. Essas customizações permitem que tenhamos oportunidade de desenhos diferentes”, comentou.
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Ele também falou sobre a oportunidade envolvendo o patrimônio imobiliário dos produtores rurais, cifra que gira em torno de R$ 5 trilhões a R$ 8 trilhões no país.
“Pegando os hectares produtivos do Brasil e multiplicando pelo valor de mercado daria esse valor de patrocínio. E o que tem de solução do mercado de capitais para isso? Meia dúzia de fundos que somam um patrimônio de R$ 2 bilhões frente a oportunidade de trilhões”, diz, pontuando o tamanho de oportunidades pensando em produtos de fundos imobiliários voltados para o agro.