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Bolsa brasileira “realiza” e investidores se perguntam agora até onde pode cair

Após recente disparada, com onze altas seguidas da Bolsa, investidores passaram a embolsaram lucros

Rodrigo Petry Vitor Azevedo

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Eram 15h25, do dia 17 de julho – há nove dias –, quando o Ibovespa atingiu os 129.657 pontos. Uma leve realização aconteceu no candle de 5 minutos seguinte e, às 15h35, o Ibovespa tocou nos 129.656 pontos. Nesse momento, o Ibovespa atingia uma forte resistência – ponto gráfico dentro da análise técnica que atrai uma grande quantidade de vendedores.

Compradores tentaram, ainda, em vão, sustentar o índice – afinal, os 130 mil pontos estavam logo ali e, um pouco mais, já se poderia mirar, quem sabe, uma nova máxima histórica (atingida no final do ano passado). Entretanto, o fluxo vendedor se sobrepôs e a realização tomou conta da Bolsa.

Assim, em resumo, terminava o grande rally de julho do Ibovespa.

Entre os dias 17 de junho e 17 de julho – por exatamente 1 mês, ou 22 pregões –, o principal índice da Bolsa brasileira subiu cerca de 9,2%, ao sair da região dos 118,6 mil pontos para os 129,6 mil pontos.

Mais do que isso, o Ibovespa, neste período, fechou com uma incrível sequência de 11 altas seguidas, algo que não era visto desde a passagem de dezembro de 2017 para janeiro de 2018.

Dessa forma, em pouco mais de 15 dias, em julho, toda a descrença e a apatia vividas pela bolsa, após um primeiro semestre no vermelho, acumulando uma queda de 7,6%, teriam terminado? A resposta, aparentemente, é não.

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Nesta quinta-feira (25), o Ibovespa emendou seu terceiro pregão em queda e voltou aos 125,9 mil pontos.

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Ibovespa realiza

“Há esse movimento de realização de lucro. Vimos o índice indo para próximo dos 130 mil pontos e é normal termos correções de percurso. Mas agora temos também o IPCA-15, que acelerou, com julho tendo a variação mais alta desde 2021”, afirma Enrico Cozzolino, head de Análise na Levante. 

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Ele explica que o índice de preços mais forte do que o esperado  — e uma análise mais apurada dos núcleos da inflação — colocou certa “água no chope” de quem ainda enxergava que o Banco Central brasileiro conseguiria realizar mais alguns cortes de juros em 2024. 

Uma queda dos juros beneficia a Bolsa de valores por vários motivos. Um recuo das taxas tende a impulsionar o consumo, aumentando o faturamento das empresas e diminuindo os gastos com dívidas. Essa combinação, ao final, gera um fluxo de investimento para os ativos de risco (com investidores deixando, um pouco mais de lado, a renda fixa). 

“A visão de uma postergação do corte de juros, ou até mesmo o fim do ciclo de queda, levou a uma alta dos juros futuros. Soma-se isso também à incerteza do mercado quanto à questão fiscal”, acrescenta Cozzolino. 

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Dispara da Bolsa entre 17 de junho e 17 de julho. Fonte: Clear Trader

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, vai na mesma linha, mencionando que a alta dos DIs (contratos de juros futuros) ajudou a derrubar o Ibovespa, destacando a leitura do núcleo do IPCA-15, que  “acelerou bastante”.

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“Há um movimento de realização acontecendo, considerando a alta de um mês, mas hoje tivemos um motivo específico para ajudar na queda”, comenta. 

Risco fiscal segue

Por fim, fora a inflação, especialistas vêm também alertando que o risco fiscal segue assombrando o investidor da Bolsa.

“O Ibovespa está em leve queda pressionado por dúvidas quanto ao real compromisso do governo com o cumprimento do fiscal, que cresceram após entrevista de terça de Haddad [ministro da Fazenda]”, diz.

Recentemente, parte do mercado passou a enxergar que o governo deve ter dificuldades em entregar as metas fiscais prometidas. O recém anunciado congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento foi considerado insuficiente e especialistas destacaram que o governo tem mantido suas projeções de receitas superdimensionadas.

Um maior risco fiscal também ajuda a explicar a alta dos juros. Investidores, nesse cenário de maior incerteza, cobram taxas maiores para, por exemplo, emprestar para o governo — o que gera um aumento dos rendimentos dos títulos públicos e, consequentemente, leva a altas das demais taxas. 

Até onde o Ibovespa pode cair?

Segundo o analista técnico Rodrigo Paz, o índice segue em movimento de baixa, negociando abaixo das médias móveis, com as mesmas inclinadas para baixo, podendo dar sequência ao movimento.

Agora, acrescenta, caso perca a região dos 125.320 pontos, poderá buscar os próximos suportes nos 125.000/124.310, com alvo mais longo na região de 123.625 pontos.

No entanto, pondera Paz, vale atenção também a um possível movimento de repique, com retomada do fluxo comprador. Para isso, de acordo com ele, o Ibovespa precisará superar a região de resistência nos 126.215/126.460 pontos.

Dessa forma, o índice pode ir atrás de novos pontos – para cima. “Seguindo em alta, o Ibovespa tende a buscar a resistência nos 127.000/127.435 pontos, com alvo mais longo nos 128.175/128.875 pontos”, aponta o analista.

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Rodrigo Petry

Coordenador de Projetos Editoriais. Atuou como editor de mercados e investimentos no InfoMoney, liderando o Ao Vivo da Bolsa e o IM Trader. Antes, foi editor-chefe do portal euqueroinvestir, repórter do Broadcast (Grupo Estado) e revista Capital Aberto. Também foi Gestor de Relações com a Mídia do ex-Grupo Máquina e assessor parlamentar.

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