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EUA ainda são boa opção de investimento? Gestores – miram em Buffett – e respondem

Gestores apontam que o alerta está no avanço dos gastos públicos e no risco de deterioração fiscal

Jamille Niero

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A percepção sobre onde estão as melhores oportunidades no mundo mudou drasticamente em poucos meses. Em janeiro, durante o Fórum Econômico de Davos, havia um consenso quase unânime de que os Estados Unidos eram não apenas excepcionais, mas o único destino viável para investimentos em ações.

Pouco tempo depois, o cenário se tornou mais incerto — e o próprio “excepcionalismo americano” passou a ser questionado, avalia Tito Ávila, sócio-fundador da LIS Capital, em evento para investidores realizado nesta terça-feira (06), em São Paulo, pela TAG Investimentos.

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“É engraçado como as certezas mudam rapidamente. Seis meses atrás, os EUA eram vistos como a única alternativa para investir, e agora parece que deixaram de ser excepcionais”, afirmou Ávila.

“Mas minha visão continua alinhada à de Warren Buffett: os Estados Unidos ainda são um lugar muito privilegiado para a geração de negócios e criação de valor para acionistas”, diz o gestor ao contar sobre a participação no último fim de semana da tradicional convenção da Berkshire Hathaway, comandada por Buffett.

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Ele destacou que o megainvestidor reafirmou seu otimismo com a economia americana — apesar das incertezas políticas e fiscais. Além disso, Buffett atribuiu boa parte do sucesso de sua trajetória ao fato de ter nascido nos EUA, país que o favoreceu “de várias maneiras diferentes”. “Ele disse que, se tivesse nascido em outro canto do planeta, talvez fosse um cara mediano ou até abaixo disso”, lembrou o gestor.

O alerta, porém, está no avanço dos gastos públicos e no risco de deterioração fiscal. “Talvez o maior perigo para que os Estados Unidos deixem de ser excepcionais seja essa eterna vontade de Washington de gastar mais do que arrecada”, disse Ávila.

“Hoje, o déficit fiscal gira em torno de 7% ao ano — o mais alto fora de momentos de guerra —, num período em que a economia está aquecida e o desemprego está baixo.”

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Na visão do gestor, o contexto reforça a importância de diversificação internacional, especialmente para o investidor brasileiro, ainda muito concentrado no mercado doméstico.

“A alocação de brasileiros no exterior representa apenas 2% a 4% da poupança, enquanto em países como Peru, Chile ou África do Sul, esse percentual é de pelo menos 20% a 25%”, destacou. “Temos muito espaço para, via diversificação, melhorar o retorno esperado dos portfólios.”

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Busca por líderes globais vai além da geografia

Para Bruno Waga, sócio e co-gestor da estratégia de Ações Globo da Opportunity, investir fora vai além de diversificação: trata-se de buscar empresas líderes globais, independentemente da geografia.

“Há mais de 10 anos, vimos que as melhores oportunidades não estavam necessariamente onde moramos. Hoje, quem mais lucra com mídia, varejo ou nuvem no Brasil são empresas como Google, Amazon e Microsoft”, comentou ao participar do painel ao lado de Ávila.

Segundo ele, essas gigantes listadas nos EUA não são apenas “americanas” – apesar de terem sido criadas por lá –, mas sim globais, com grande parte da receita atualmente obtida fora do país.

O gestor cita ainda como exemplos as companhias Booking e Airbnb, líderes globais no setor de viagens, que na crise são empresas que podem sofrer no curto prazo, mas sair mais fortes.

Waga reconhece a turbulência trazida por incertezas políticas recentes nos EUA, mas acredita na capacidade das instituições americanas de reequilibrar o jogo. “Até nos momentos mais caóticos, como agora, vemos o sistema de pesos e contrapesos funcionando”, disse.

Segundo ele, é o que dá convicção para reforçar posições em empresas com vantagens competitivas estruturais.

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa

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