Quando e como o MEI e a PME podem contrair crédito? Nathalia Arcuri explica

Especialista indica ao empreendedor entender se sua empresa é saudável ou não — e já ter dívidas não é um impeditivo

Maria Luiza Dourado

Empreendedora opera caixa do seu negócio (Foto de Ketut Subiyanto/Pexels)
Empreendedora opera caixa do seu negócio (Foto de Ketut Subiyanto/Pexels)

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Para a Pequena e Média Empresa (PME) ou Microempreendedor Individual (MEI) que está considerando contrair um empréstimo, seja para ampliar ou melhorar a operação, mas teme tomar uma decisão precipitada, os primeiros passos são analisar a saúde financeira do negócio e definir um objetivo para o dinheiro. Essa é a orientação de Nathalia Arcuri, apresentadora e CEO do Me Poupe!, que falou em entrevista ao InfoMoney. Ela é uma das palestrantes do iFood MOVE, evento do app de delivery em São Paulo.

Primeiro, a especialista indica ao empreendedor entender se sua empresa é saudável ou não — e já ter dívidas não é um impeditivo.

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“Uma empresa saudável financeiramente é aquela que tem controle total sobre suas finanças. Não quer dizer que ela nunca tenha dívidas, mas sim que consegue administrá-las de forma sustentável, pagando suas contas em dia, com receitas previsíveis e consistentes”, explica.

Mas é preciso prestar atenção no conceito de inadimplência. O cenário mais saudável é que o devedor (quem tem dívidas) seja adimplente, ou seja, pague seus débitos em dia, dentro do prazo combinado, diferente do inadimplente, que é aquele que não pagou suas dívidas dentro do prazo.

“Ser adimplente faz parte de ter um negócio saudável, porque mostra que a empresa honra seus compromissos, mas o ponto principal aqui é o equilíbrio entre o que entra e o que sai. Além disso, uma empresa saudável tem reserva de emergência para enfrentar imprevistos e cabeça no lugar para investir de forma consciente”, diz Arcuri.

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Empresas consideradas não saudáveis, ou seja, que têm problemas financeiros, podem pedir crédito, mas essa não é a alternativa mais recomendada, segundo a especialista. Isso porque as condições que serão oferecidas pelos bancos na oferta de crédito serão mais duras, como juros mais altos — com potencial para se transformar em uma bola de neve.

Quando e como pedir crédito?

Uma vez analisada a saúde financeira da PME, é hora de olhar para a estratégia: o porquê de o empreendedor buscar o crédito.

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“A hora de contrair crédito é quando você tem uma estratégia clara e precisa de recursos para expandir o negócio ou melhorar sua operação — e isso precisa estar muito bem calculado. A pior coisa que o empreendedor pode fazer é pegar crédito por impulso ou só para ‘tapar buracos’. Ter um objetivo específico é essencial, porque o crédito precisa ser uma ferramenta que vai gerar um retorno maior do que o custo dele.”

Depois de definido o objetivo para contrair um empréstimo, é hora de entender os produtos que os bancos estão oferecendo, observando os seguintes aspectos:

Hora de pagar

Arcuri ressalta a importância de verificar se o fluxo de pagamento está alinhado com a realidade financeira da sua empresa, ou seja, se as parcelas do empréstimo, somadas a todos os custos e despesas da operação, cabem dentro do faturamento e ainda permitem uma margem, uma sobra, para lucro e reserva de emergência.

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“Não existe uma regra relacionada ao percentual máximo que uma dívida deve ocupar do orçamento de uma empresa. O que deve ser levado em consideração é a sua margem de lucro, e isso varia de empresa para empresa. É possível que as dívidas totais de uma empresa, somadas, ocupem 10% das despesas e ainda assim a margem esteja negativa. Ou seja: o empreendedor está gastando mais do que recebe. Da mesma maneira, é possível que uma empresa cujas dívidas somadas ocupem 20% das despesas tenha uma margem positiva”, explica a empresária.

Faturamento, satisfação dos clientes, lucratividade e CMV (Custo da Mercadoria Vendida) são indicadores indispensáveis para um controle eficiente do negócio, segundo Arcuri.

iFood Pago

Também no iFood MOVE, a empresa lançou o iFood Pago, que passou a oferecer conta digital integrada, serviços de banking e link de pagamento, além da antecipação de recebíveis e crédito (empréstimo parcelado) e a Maquininona, uma solução de recebimento de pagamentos dos restaurantes integrada ao delivery iFood.

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Apesar de estar disponível para todos os restaurantes inscritos no iFood, o iFood Pago apresenta uma grande penetração em PMEs e MEIs.

“E para quem não for aprovado para concessão de crédito junto do iFood Pago e precisar de liquidez, há os produtos de antecipação de vendas na plataforma, que seguem a legislação do setor”, explicou Thomas Barth, vice-presidente do Operações do iFood Pago, ao InfoMoney.

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Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

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